As democracias tendem a subestimar os interesses das gerações futuras (que ainda não nasceram e não votam) em relação às gerações presentes. A manifestação deste problema nas gerações mais novas e nas vindouras é claramente observável no problema das alterações climáticas e do uso excessivo dos recursos naturais, na dificuldade crescente de acesso à habitação, na dualidade e precariedade do mercado de trabalho, no excessivo endividamento público e externo e nos rendimentos das famílias.
No entanto, há dimensões em que as novas e futuras gerações poderão aceder a um maior nível de bem-estar do que as gerações atuais, pela acumulação de um maior stock de capital humano e por um desenvolvimento tecnológico que abre um potencial de escolha maior e aumenta a esperança de vida.
O projeto “Um Índice de Justiça Intergeracional para Portugal”, elaborado pelo Institute of Public Policy e apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, insere-se na esteira de trabalhos que a Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a desenvolver nos últimos cinco anos.
O IPP criou um Índice de Justiça Intergeracional (IJI), que poderá ser atualizado anualmente, que permite não só dar uma saliência regular a este tema, como clarificar as políticas públicas que o poderão promover. O IJI é baseado em seis áreas distintas: ambiente e recursos naturais, saúde, mercado de trabalho, habitação, finanças públicas, pobreza e condições de vida.
O objetivo do projeto é dar saliência, no debate público e político, às questões de justiça intergeracional, identificar onde se manifestam as injustiças intergeracionais mais relevantes e perceber em que medida as políticas públicas têm contribuído para agravar ou atenuar essas injustiças.
A apresentação de resultados do projeto “Um Índice de Justiça Intergeracional” realizou-se no dia 20 de setembro das 17h15-19h00, na Fundação Calouste Gulbenkian (Auditório 3).